SCORING DE CLIENTES

No dia 1 de Julho, a quarta Diretiva da União Europeia referente à prevenção de branqueamento de capitais entrará em vigor. Esta nova Diretiva irá levar a que os bancos europeus procurem as melhores soluções para minimizar os custos de compliance resultantes dos novos requisitos de uma abordagem baseada no risco introduzidos pela UE.

A nova Diretiva prevê também uma monotorização constante de todos os clientes, reforçando a necessidade de uma contínua avaliação de risco destes com base em informações fornecidas pelos clientes ou recolhidas de outras fontes.

Um dos métodos mais sucedidos para tal avaliação é o Scoring. Com base em diferentes fatores de risco o Scoring atribui, tal como o nome indica, uma pontuação a cada cliente. Tendo em consideração as informações que o cliente fornece no momento de abertura de conta ou que a instituição financeira vá recolhendo ao longo do tempo, as soluções de Scoring utilizam um algoritmo para calcular com grande precisão o nível de risco desse mesmo cliente. As informações que servem de base a esse algoritmo podem variar de instituição para instituição mas podemos destacar algumas que contribuem para aumentar o nível de risco de um cliente, seja ele particular ou uma organização legal:

·        Pessoas Politicamente Expostas (PEPs)

·        Atividade pessoas/profissional com países offshore, de risco elevado ou sancionados financeiramente

·        Crédito descoberto ou atrasos no pagamento de créditos

·        Visto de residência, trabalho ou semelhante

·        Notícias negativas

·        Envolvimento do cliente em contratos públicos que sofreram algum processo judicial

·        Existência de muitas transações internacionais sem justificação com base nas informações fornecidas pelo cliente

·        No caso de organizações, a existência de proprietários beneficiados (que detém mais de 25% das ações da organização)

A juntar a estes exemplos, é necessário que as instituições financeiras disponham sempre da informação básica de todos os clientes (nome, contatos, morada, números de identificação, nacionalidade, etc.). Caso essas informações não estejam presentes nas bases de dados das instituições, estas devem solicitar de imediato essa informação ao cliente.

Esta Diretiva traz muitas novidades comparativamente à terceira Diretiva nomeadamente na abordagem baseada no risco, monitorização de clientes e nas diligências legais dos clientes. Tendo em conta estas novas alterações, o Scoring é, sem dúvida, uma ferramenta muito importante para todas as instituições financeiras que queriam conhecer os seus clientes e o risco que estes podem ou não apresentar.

A REVOLUÇÃO FINTECH

Muitos de nós conseguimos contar pelos dedos da mão quantas vezes tivemos, no passado ano, a necessidade de nos deslocarmos ao balcão de um Banco. Com o desenvolvimento das aplicações bancárias e um melhor serviço onboarding, é possível aceder a praticamente todos os produtos e serviços. Algo que, há poucos anos, tínhamos de realizar, obrigatoriamente, num balcão.

Este novo cenário a que temos vindo a assistir no setor bancário deve-se, em grande parte, ao surgimentos das Fintech que começaram a revolucionar a maneira como lidamos com os Bancos e com o nosso dinheiro com base nas tecnologias mais atuais.

Fintech, uma abreviatura de “Financial Technology”, é o conceito por de trás da utilização inovadora de tecnologias no fornecimento de serviços financeiros que está a transformar o setor bancário e que foi resultado do distanciamento que os Bancos sofreram das novas tecnologias como resultado da crise financeira de 2018 que os obrigou a focar exclusivamente nas novas regulamentações impostas pelos supervisores bancários.

Podemos ver a entrada das Fintech no setor financeiro de duas perspetivas. Por um lado são claramente um risco para os Bancos tradicionais uma vez que se tornaram concorrentes à altura, fornecendo o mesmo tipo de produtos que, tradicionalmente, eram fornecidos exclusivamente por Bancos com a vantagem acrescida que estas empresas podem escolher os serviços mais lucrativos que pretendem escolher, minimizando os riscos, enquanto um Banco tradicional não tem essa escolha. Por outro lado, o aparecimento das Fintech consciencializou os Bancos da necessidade de se adaptarem ao mundo digital.

Com a este novo cenário instalado, 2018 vai trazer ainda mais desafios ao setor bancário tradicional. Assim, escolhemos cinco grandes temas que devido à revolução Fintech irão ser decisivos no futuro do setor:

  1. Machine Learning: Os novos modelos instituídos peloas Fintech irão levar à adoção de novos modelos de regressão por parte dos Bancos construídos com base em padrões estudados e previstos através de inteligência aritifical.
  2. Blockchain: Com cada vez mais empresas especializadas nesta nova tecnologia capaz de reduzir fraudes e aumentar a transparência no setor, o Blockchain é um dos temas mais importantes. Muitas instituições terão de considerar a implementação desta nova tecnologia e qual as alterações que terão de fazer nos seus modelos para incorporá-la.
  3. Open Banking Standard: deve ser visto como um género de guia em como os “dados bancários devem ser criados, partilhados e utilizados”, tal como definido pelo grupo de trabalho criado a pedido do Departamento de Finanças do Governo do Reino Unido (HM Treasury) com o objetivo de estudar o impacto que os dados podem ter em ajudar clientes. O que se pretende é a partilha segura, através de APIs abertas, dos dados bancários para, tal como o grupo de trabalho afirma, “desbloquear todo o potencial de um setor bancário aberto para melhorar a concorrência, eficiência e estimular a inovação.”
  4. Segurança: em 2017, assistimos a um aumento de supervisão devido a um interesse generalizado das instituições em saber ligar com os novos risco cibernéticos e resultantes de TI obsoletos. Identificar novos métodos para tornar estas instituições financeiras menos suscetíveis a cibercrimes e violação de dados são um dos grandes temas dos próximos anos.
  5. Personalização automatizada: as novas tecnologias aliadas à transformação digital iniciaram um processo de transformação e melhoria da experiência dos consumidores na utilização de aplicações móveis em qualquer dispositivo. Os Bancos vão querer continuar a melhorar os seus serviços e, para tal, estes serão cada vez mais personalizados ao perfil dos seus clientes.

A revolução Fintech é uma das maiores transformações que o setor bancário já atravessou e irá reformular, totalmente, o setor.